17/06/2025
Nayara Rosolen – Equipe CNU
Um “clarão” foi visto no céu na noite de 5 de junho de 2025. Era a nova clássica AT 2025nao, registrada por Carlos Henrique Barreto, através do Remote Observatory of Campos dos Goytacazes (ROCG), no estado do Rio de Janeiro. O fenômeno se dá quando uma estrela anã branca pega material de uma estrela companheira até causar uma explosão estelar, uma bomba de hidrogênio. Isso faz com que o brilho seja aumentado em milhares de vezes, o que permite a visualização da Terra.
Carlos é egresso do curso de Física da Uninter e responsável pela construção do Observatório Remoto, que hoje é mantido como programa permanente da Fundação Wilson Picler, sob comando do professor da Escola Superior de Educação, Humanidades e Línguas (ESEHL) e do Programa de Pós-graduação em Novas Tecnologias (PPGENT) do centro universitário, Daniel Guimarães Tedesco.
“Me sinto extremamente feliz e realizado. É emocionante ver um fenômeno tão distante ser registrado por um equipamento que eu mesmo montei e automatizei […] A automação que desenvolvi para o observatório foi diretamente influenciada pela lógica de controle e monitoramento que aprendi a operar offshore [no trabalho que realiza em alto mar], uma verdadeira ponte entre ciência, técnica e engenhosidade”, declara Carlos.
Conforme noticiado pelo portal EXOSS Citizen Science Project, o objeto detectado com magnitude 11.2 foi registrado no CBAT da União Astronômica Internacional (IAU) e no Transient Name Server (TNS) com a designação AT 2025nao e depois classificado como PNV J0630516-6955014.
Esforço coletivo para o avanço da ciência
O professor Daniel destaca que cada nova descoberta ajuda a entender como estrelas evoluem e produzem elementos químicos que formam planetas e vida. Carlos acrescenta que contribuições como essa alimentam catálogos internacionais, ajudam a validar modelos teóricos sobre evolução estelar e oferecem dados para acompanhamento espectroscópico por grandes observatórios. “Demonstram como a ciência cidadã, quando feita com rigor, pode se integrar com a pesquisa acadêmica de ponta”, conclui Carlos.
O pesquisador ressalta o trabalho colaborativo que acontece com colegas do projeto Brazilian Transient Search (BraTS), e que a descoberta é fruto de esforço coletivo. Carlos deseja que momentos como esse possam inspirar novos estudantes a olharem para o céu com curiosidade e espírito investigativo. Que acreditem que “podem fazer ciência de verdade, de onde estiverem”.
Daniel afirma sentir “orgulho pela equipe e satisfação em formar novos cientistas brasileiros”. “Mostra que estamos no caminho certo. A descoberta será compartilhada globalmente e reforça a importância do investimento em pesquisa. Nossa ciência é aberta acessível, fundamental para inspirar futuros cientistas”, salienta o docente.
O egresso conta que já participou de outras detecções reportadas à Central Bureau for Astronomical Telegrams (CEBAT), órgão oficial internacional responsável pela catalogação e identificação de eventos astronômicos, por meio do BraTS, como observações de possíveis supernovas e candidatos a objetos transitórios. Mas essa é a primeira nova clássica descoberta com o ROCG, “o que torna a conquista ainda mais significativa”.
Carlos ainda reforça o papel que a Uninter teve na construção da trajetória e como o curso de Física deu ferramentas teóricas e metodológicas que hoje aplica não só em Astronomia, mas outras diversas áreas da vida profissional.
“A descoberta da nova clássica AT 2025nao consolida uma trajetória que venho construindo com dedicação à astronomia observacional, e reforça o quanto a formação acadêmica sólida que recebi foi essencial para isso. É uma realização pessoal, mas também coletiva, pois carrego comigo o conhecimento que adquiri nos anos de graduação, aliado à vivência profissional do setor offshore”, conclui.
Edição: Larissa Drabeski
Créditos do fotógrafo: Arquivo pessoal