23/09/2025
Maria Vitória Alves Silva – Equipe CNU
A Orquestra Uninter subiu ao palco da Capela Santa Maria, em Curitiba (PR), na noite de 18 de setembro, para celebrar seu terceiro aniversário com o concerto beneficente “Sinfonia Solidária: O cinema em concerto”. Sob a regência da doutora em Música e coordenadora de pós-graduação, Valentina Daldegan, a apresentação reuniu algumas das trilhas sonoras mais marcantes do cinema mundial.
“Para nós é uma emoção muito grande estar aqui. É uma parceria que temos com a Prefeitura e que reforça o caráter cultural e social do projeto”, afirmou a maestrina.
Com um caráter beneficente, a noite teve como entrada a doação de alimentos não perecíveis, que foram destinados ao Banco de Alimentos. Mais do que um espetáculo de música e memória, o evento se tornou um momento para consolidar o projeto musical da Uninter em parceria com a Fundação Wilson Picler e a Prefeitura de Curitiba.
A apresentação contou com cerca de 50 músicos e participação especial da violoncelista Constança Dottori. A escolha da Capela Santa Maria deu um peso simbólico à data. O espaço, inaugurado em 1939, é hoje um dos principais palcos da música erudita em na cidade. Com capacidade para cerca de 280 pessoas, a sala de concerto é conhecida pela qualidade acústica. Para Valentina, tocar ali exige preparo técnico diferenciado: “O ambiente influencia muito. A gente precisa trabalhar a projeção do som, equilibrar metais e cordas, e fazer a orquestra soar como um corpo único. É um aprendizado para todos”.
De um grupo inicial com pouco mais de 15 músicos, a orquestra chegou a 50 integrantes em 2025, entre cordas, sopros, percussão e piano. O aumento trouxe ganhos artísticos e novos desafios. “A maior diferença do ano passado para este foi a qualidade. Conseguimos evoluir muito no repertório, que ficou mais exigente. Isso mostra o quanto crescemos”, avaliou Valentina.
Todos os músicos são voluntários, e essa dedicação é um dos pilares do projeto. “Trazer eles para se apresentar é honrar o trabalho que eles estão tendo com a gente, de não faltarem aos ensaios e se dedicarem para fazermos uma apresentação de qualidade, mostrando o trabalho deles para a população”, destacou Willian Sales, coidealizador da orquestra e coordenador de pós-graduação.
A diversidade também é um diferencial. “A orquestra é plural, formada por pessoas com diferentes formações e trajetórias, e isso é um dos seus maiores valores”, acrescentou Willian. Entre os integrantes, há profissionais, estudantes e músicos que retomaram a prática após anos afastados, o que enriquece a experiência coletiva.
Essa pluralidade aparece não só nos perfis dos músicos, mas também na escolha dos programas. O repertório da noite de aniversário exemplificou essa proposta ao unir diferentes estilos e épocas do cinema, buscando aproximar a música orquestral do público. “Temas de cinema sempre atraem. Nem todos conhecem tudo, mas sempre há algo familiar. E aproveitamos para apresentar novidades, ampliar horizontes. Queremos quebrar a ideia de que concerto é chato. É possível ser agradável e educativo”, disse a regente.
A apresentação incluiu Raider’s March e Star Wars, de John Williams, Cinema Paradiso e o Western Medley, de Ennio Morricone, além de clássicos como Moon River e The Pink Panther, de Henry Mancini.
“Quando eu toquei meu solo em Moon River, lembrei da minha mãe que já partiu, olhei para cima e me conectei […] Foi muito simbólico”, relatou a pianista Eliane, emocionada após a apresentação.
Fundada em 2022, a Orquestra Uninter teve sua primeira apresentação oficial em dezembro daquele ano, com um Concerto de Natal. Desde então, o grupo vem ampliando seu alcance, já tendo se apresentado no Memorial de Curitiba, em concertos ao ar livre no centro da cidade, e em temporadas temáticas como o Concerto de Primavera. Em todas essas ocasiões, manteve a proposta de unir repertórios diversos e de aproximar a música da comunidade.
A Orquestra nasceu como um projeto pedagógico e comunitário. Com ensaios semanais realizados no prédio Divina Providência, no centro da capital paranaense, o grupo reúne alunos, professores, colaboradores da instituição e músicos da comunidade externa. O objetivo é oferecer experiência prática de conjunto e criar um espaço de aprendizagem musical coletivo. “Sempre digo que a orquestra é um braço da Uninter com a sociedade. […] É uma via de mão dupla: oferecemos prática coletiva e devolvemos à comunidade com concertos abertos”, afirmou Valentina.
Essa vocação se estende às ações solidárias. “Desde o ano passado, associamos apresentações a campanhas sociais. Já arrecadamos para o Doce Natal, ajudamos o Asilo São Vicente de Paulo e agora alimentos para o Banco de Alimentos. É uma forma de fazer o bem além da música”, complementou.
Ao longo destes três anos Valentina destaca o reconhecimento como uma das maiores conquistas da Orquestra. “Hoje somos vistos como uma orquestra importante na cidade. Isso atrai músicos e público. Conseguimos cumprir desafios artísticos e ganhar espaço no cenário cultural”, afirmou. Para o futuro, ela define como meta, consolidar a sustentabilidade financeira do projeto e ampliar a agenda. “O mundo nos aguarda”, brincou.
Além de concertos regulares, a Orquestra promove seleções abertas à comunidade, oferecendo vagas para novos participantes em diferentes níveis de formação. O processo inclui inscrição online e envio de vídeo, com link disponível no Instagram da Orquestra (@orquestrauninter). Alguns músicos recebem bolsas de estudo na Uninter, incentivo que ajuda a manter o engajamento. “É uma forma de reconhecer o esforço, já que todos são voluntários”, reforçou a regente.
O público que lotou a Capela Santa Maria no dia 18 de setembro testemunhou a consolidação de um projeto que alia formação musical, acesso à cultura e compromisso social. Ao final do concerto, os aplausos prolongados confirmaram o reconhecimento da plateia. Em três anos, a Orquestra Uninter transformou ensaios voluntários em um movimento que conecta repertório popular, prática pedagógica e responsabilidade social, mostrando que música, comunidade e solidariedade podem caminhar juntas.
Edição: Larissa Drabeski
Créditos da fotografia: Maria Vitória Alves Silva